A convivência intergeracional nas organizações

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“Um dia, meu filho, tudo isso será seu”

Em post anterior(1) , lembramos o fato de que o ciclo de vida das organizações e consequente formação de lideranças, encontra-se intrinsicamente ligado ao aspecto geracional e de ciclos de vida. Nas Ciências Sociais, a área denominada Sociologia das Gerações dedica-se ao estudo das gerações e ciclos de vida. Lembramos, ainda, que mais do que reunir um conjunto de indivíduos nascidos em um determinado intervalo de tempo, uma geração é definida pela experiência comum que detém e contribui para a expressão de uma determinada forma de encarar a vida e os seus problemas.
Na definição do corte entre as diferentes gerações, sem dúvida, a variável tecnologia que, muitas vezes coincides com os anos, representa um fator explicativo que contribui significativamente para o entendimento da diferença entre as últimas gerações:

No entanto – em grande parte em função de sua disseminação na área do marketing – muitas vezes o termo “geração” reduziu-se a estereótipos construídos a partir de comportamentos típicos que se, por um lado, auxiliam na compreensão de um fenômeno complexo, por outro dificultam a abordagem do convívio intergeracional presente hoje pelas organizações. Tudo se passa como se as gerações se sucedessem, umas após as outras, sem que sejam levados em conta tanto a convivência entre elas como os aspectos de aprendizado mútuo. No entanto, pela primeira vez, pelo menos quatro gerações coexistem no ambiente organizacional:

O constante aumento da expectativa de vida e queda da fecundidade, o aumento constante no número de pessoas mais velhas e redução no número de jovens e crianças traz situações que devem ser enfrentadas. O estudo “Síntese de Indicadores Sociais (SIS): uma análise das condições de vida da população brasileira 2016”, realizado pelo IBGE, aponta que o perfil do grupo que trabalha sofreu mudanças: diminuiu a proporção de idosos ocupados que recebiam aposentadoria (de 62,7% para 53,8%) e aumentou a participação de pessoas com 60 a 64 anos entre os idosos ocupados (de 47,6% para 52,3%). Entre esses, 67,7% começaram a trabalhar até 14 anos de idade. Assim, a convivência entre diferentes gerações tenderá a acentuar-se, em função do envelhecimento da população, fenômeno inelutável, que, no Brasil, ocorre no Brasil a taxas aceleradas: hoje 12,6% da população (24,85milhõesdepessoas) têm 60 anos ou mais. Em 2025 serão 35 milhões e em 2050, um em cada três habitantes.
No mundo empresarial, colaboradores com maior longevidade, autonomia, qualidade de vida e independência financeira, com mais de 50 anos, representam um cabedal de experiências que não deve ser negligenciado. A abordagem sociológica traz luz sobre as relações entre as gerações que pressupõe o reconhecimento de relações de poder – tanto no âmbito de empresas familiares como no cenário macrossocial das solidariedades. No mundo complexo das organizações, a abordagem intergeracional revela-se muito mais adequada para a sustentação de programas de desenvolvimento organizacional e sucessão.
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Cristina Panella é Consultora Associada Senior BMI Blue Management Institute
Doutora em Sociologia pela Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sociales (França), Mestre em Formação à Pesquisa pela E.H.E.S.S. (França), Mestre em Antropologia Social pela Université René Descartes – Sorbonne (França), Especialização em Management of Business Communication pela University of Florida (EUA) e Bacharel em Ciências Sociais pela PUC-SP. Com vasta trajetória profissional, nacional e internacional, nas áreas de Consultoria, Pesquisa e Planejamento em Comunicação, Cristina atuou no Datafolha implementando as áreas de pesquisa DataFone e DataGeo. Também foi Consultora em Pesquisa, Planejamento e Marketing do SEBRAE e Sócia da CDN Estudos e Pesquisa Ltda. Foi professora na FAAP e no Centro Universitário Belas Artes. Ainda é professora-convidada do GESTCORP na Escola de Comunicações e Artes da USP, onde ministra o curso de Pesquisa em Comunicação. É colunista da ABERJE – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial Brasileira. Também é Membro da ESOMAR (WORLD Association for Social, Opinion and Market Research), da ABEP (Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa) e da ASBPM (Sociedade Brasileira de Pesquisa de Mercado). Em paralelo à sua atuação na BMI, Cristina é Diretora da CPPP Cristina Panella Planejamento e Pesquisa Ltda., empresa de inteligência em pesquisa especializada em planejamento, monitoramento e desenvolvimento de metodologias de mensuração em comunicação.

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