Quando as causas ultrapassam nosso raio de ação

Cristina PanellaColunas Deixe um Comentário

Os empresários – médios e pequenos – continuam a buscar caminhos para o enfrentamento da crise atual nos textos de motivação. Mas o que acontece quando as causas encontram-se fora da competência gerencial e de relacionamento das pessoas?

Em setembro já havíamos tratado de parte desse problema (veja aqui). Neste último mês, férias longe do país contribuíram para tornar mais claros os embates ideológicos que se travam em época de crise. Simultaneamente, multiplicaram-se as mensagens em minha caixa postal, convidando empresários e assalariados para seminários e palestras que teriam o poder de nos mobilizar psicologicamente contra a crise, prometendo nos dotar de “instrumentos” (sempre de ordem psicológica e comportamental) que nos transformariam não somente nos sobreviventes mas, inclusive, nos heróis do momento atual.

Movimento ideológico e politicamente perigoso esse que tende a colocar sobre as costas de alguns de nós, pequenos e médios empresários, mas sobretudo dos colaboradores, as razões da crise e da falta de performance das empresas, utilizando termos modernos que descrevem, na verdade, antigas denominações preconceituosas: desmotivação no lugar de indolência, falta de produtividade no lugar de preguiça etc… . Essa postura equivaleria, por exemplo, a culpar, na São Paulo de 1930, os imigrantes (pelo seu suposto “mau comportamento”) pela crise que se abateu sobre o mercado do café.

As Ciências Sociais contribuem muitíssimo para que possamos ter o distanciamento que assegura uma melhor compreensão da época em que vivemos e, consequentemente, do papel real dos atores sociais envolvidos no processo.

Enquanto se apontam nossas falhas de caráter – “trabalhamos poucas horas”, “esperamos que tudo nos seja dado” e assim por diante, pouco ouvimos falar de questões estruturais contra as quais pequenos e médios empresários, mas também organismos como o SEBRAE e outros deveriam mobilizar-se. Fatores concretos como o aumento dos prazos de pagamento pelas grandes empresas – de 90 a 120 dias, fazendo com que o pequeno e médio empresário, que não têm como repassar esses prazos a seus fornecedores, financiem a atividade da grande empresa.

Trata-se somente de um exemplo do que vem acontecendo (e há vários outros) que exigem, a meu ver, uma tomada de posição firme — econômica, mas também política — dos pequenos e médios empresários que deveriam mobilizar-se contra os fatores concretos, sem cair no engodo das explicações ideológicas, que fariam com que o ônus da atual crise fosse melhor dividido por todos.

Breve apresentação da Cristina Panella Planejamento e Pesquisa. Venha tomar um café para conversarmos sobre suas necessidades.

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