Motivação e Propósito: os desafios da Comunicação

Cristina PanellaColunas

Apresentamos neste mês mais um estudo de nossa série de pesquisas nacionais de opinião que teve como título A Motivação dos Brasileiros – O que faz o brasileiro acordar e seguir em frente? Um de seus objetivos foi identificar as fontes que alimentam a motivação da população em geral, observando, especialmente, as relações entre a motivação e o trabalho.

Escolaridade, Idade e Renda: alguns resultados de interesse

A escolaridade e a renda influem sobre o nível de motivação declarado. Do ponto de vista do gênero, homens são mais motivados que mulheres, enquanto o recorte faixa etária aponta para uma realidade interessante: as pessoas mais jovens e as mais velhas apresentam os maiores níveis de motivação. Do ponto de vista geográfico, os moradores do Norte do Brasil ganham destaque como os mais motivados.

A idade é um fator interessante na pesquisa que, certamente, merecerá novos estudos: aqueles com idade entre 20 e 49 anos apresentam um alto nível de motivação. Mas é a partir dos 50 anos que a motivação cresce e atinge seu pico entre aqueles com idade entre 60 a 69 anos. Nos dois extremos – menos de 20 e acima de 70 anos de idade – encontra-se o maior número de indivíduos não motivados (13%). Nesse caso, quanto mais jovem, mais o indivíduo se declara motivado – a fonte de sua motivação encontra-se, prioritariamente, em seu círculo de amizades. É nos amigos que os jovens buscam sua renovação. Curiosamente, o público com idade acima de 70 anos tem traços comuns com os jovens: as experiências aprendidas no trabalho e também as equipes com as quais interagem ou interagiram são fatores que contribuem para a sua motivação. Porém as amizades não tem grande influência na renovação do entusiasmo: eles preferem divertir-se (na internet, com a televisão, com a família) e, motivam-se principalmente, com o fato de deixar um legado para próximas gerações.

O brasileiro é um indivíduo motivado e tira sua força da família
A pesquisa mostrou que 91% dos brasileiros se consideram motivados.

Quando questionados sobre o que os faz acordar e seguir em frente, a família ficou em primeiro lugar para 51% dos participantes, em especial para as mulheres, aqueles com escolaridade incompleta, os habitantes do Norte e os aposentados. A busca da evolução pessoal – que aparece em segundo lugar – foi apontada por 14% dos participantes, o desenvolvimento de talentos e habilidades por 10% e, para outros 5%, o trabalho, dinheiro ou religião são determinantes.

Motivação e desmotivação pelo trabalho
O trabalho é uma importante fonte de motivação, principalmente para o público masculino – e, com mais intensidade, entre os trabalhadores autônomos e proprietários de negócios para quem a motivação aparece como um sinônimo do trabalho.

A experiência aprendida tem vital importância na motivação dos entrevistados quando interrogados sobre o trabalho (36%), o que demonstra uma abertura ainda bastante importante para formar-se na empresa, seguida por atividades que executa (33%), novas oportunidades (26%), remuneração (16%), equipe (8%) ou colegas (8%), seu líder (4%) e espaço físico (2%).

As experiências aprendidas constituem o elemento motivador para os jovens de até 29 anos de idade (45%), bem como para os indivíduos acima de 70 anos (45%). Já a equipe é fonte de motivação apenas para faixa etária até 29 anos (12%), diminuindo à medida que se envelhece e chegando a 3% na faixa etária acima de 70 anos. As atividades executadas no trabalho representam fonte de motivação para estudantes de todos os níveis, e essa importância cresce de acordo com o nível de escolaridade. Para quem está na universidade, ou uma pós-graduação, as novas oportunidades são os principais elementos de motivação no trabalho (29% e 28%, respectivamente).

A busca da evolução pessoal é uma característica motivadora presente nas pessoas que procuram uma posição no mercado de trabalho. Do outro lado, o fato de estar desempregado parece anular todo e qualquer fator motivacional: o sentimento de não estar motivado, entre os desempregados, está presente em todas as faixas etárias. Entre aqueles que se declaram desmotivados (9% do total dos respondentes), a principal causa apontada tem a ver com o “emprego” (27% das respostas), o “desânimo” (13%), o “baixo salário”(11%), além da “corrupção” e do “governo” (ambos reunindo 9%).

Fato importante: encontram-se, também, no mundo do trabalho as razões para a maioria das respostas que indicam desmotivação. Os 398 indivíduos que se declararam não motivados (9% da amostra total) apontaram as seguintes razões para seu estado de ânimo:

Para ir além: o propósito das empresas espelhando parte do propósito individual
Ter um propósito é o que mais motiva ambos os sexos (40% das declarações).

A crença em um sonho é o principal elemento para jovens com idade até 29 anos (31%) e motiva mais as mulheres do que os homens (31% contra 28%). Também são significativos aqueles na faixa etária entre 50 e 59 anos. Para os pós-graduandos, as histórias de pessoas que realizaram seus feitos é uma fonte de motivação: 8%. Os aposentados têm sua motivação fundamentada no legado que possam deixar (10%).

As empresas hoje precisam ultrapassar a tríade: missão, visão e valores e buscar seu verdadeiro propósito, aquilo que dá sentido à sua existência. Do ponto de vista empresarial – e apoiando-se na definição de Joey Reiman -, o propósito é um modo único e autêntico por meio do qual a marca fará a diferença no mundo.

Do ponto de vista individual, as pessoas têm ou buscam um “algo” a que se proponham, que facilite suas decisões e fortaleça sua determinação.

As empresas devem, em nossa opinião, ampliar seus objetos de pesquisa entre o público interno, procurando elementos, entre os colaboradores, que alicercem o propósito empresarial, ao mesmo tempo em que este alimente e dê parcialmente sentido à jornada diária de cada um.

A expertise encontrada na consultoria para as áreas de comunicação alicerçada nas análises provenientes de pesquisas realizadas entre públicos estratégicos é, sem dúvida, a estratégia mais adequada para articular essa sinergia.

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Breve apresentação da Cristina Panella Planejamento e Pesquisa. Venha tomar um café para conversarmos sobre suas necessidades.


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