Hegemonia ou Consenso

Cristina PanellaColunas, Newsletters Deixe um Comentário

Estratégia e Cultura clamam por definições que possam conciliar os pontos de vista de conselhos, executivos e colaboradores

Apoiada em minha formação sociológica, refleti nas últimas semanas sobre os diferentes conceitos com que me defrontei no estudo da sociologia e, particularmente da ciência política. Lembrei-me, então, de um artigo do Prof. Oliveiros S. Ferreira, sociais, mas também empresariais.

Nesse artigo, Oliveiros discorria sobre a diferença entre os conceitos de hegemonia e consenso para melhor entender as batalhas políticas da época: segundo ele, as disputas nacionais não buscavam um consenso, mas sim, a prevalência de um grupo hegemônico.
Do ponto de vista da história política, hegemonia foi definida, ainda na Grécia antiga, como a supremacia de um povo sobre outros (seja por meio da introdução de sua cultura ou por meios militares). Na política moderna, o conceito foi (re) formulado por Antonio Gramsci, em seus Cadernos do Cárcere, ao caracterizá-la como dominação ideológica de uma classe social sobre outra, particularmente da burguesia sobre o proletariado e outras classes de trabalhadores. Trata-se de mudança significativa no lugar e valor acordados ao vocábulo “consenso”. Para Gramsci, as classes hegemônicas buscavam o consenso, sempre precário e transitório para dar conta dos dissensos das várias vozes sociais. Portanto, no consenso, nada de “harmonia” ou “paz duradoura” no consenso, somente uma trégua nas lutas.

Por um lado, o conceito de consenso parece-me bastante adequado e aderente à noção de cultura empresarial, uma vez que esta deve fazer com que todos os atores empresariais se sintam unidos em torno de elementos culturais comuns assentados em bases estabelecidas no longo prazo. Por outro lado, a estratégia empresarial apresenta-se como uma hegemonia, uma vez que, em seu desdobramento, extrapola os muros da empresa, envolve o cenário concorrencial, tem metas de curto prazo, tem a “cara” do líder e está sujeita a modificações segundo a força deste mesmo líder.

Por essa razão, os dois conceitos devem estar articulados em torno dimensões da sincronicidade (estratégia) e diacronicidade (cultura).

Adotar os dois pontos de vista e combinar os tipos de análise – consenso, na dimensão cultural e hegemonia na dimensão estratégia – pode auxiliar a compreensão, a disseminação de conhecimento e principalmente a superação de crises no mundo corporativo.

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