Consenso

Hegemonia ou Consenso em Comunicação – O papel político da Comunicação Corporativa

Cristina PanellaColunas Deixe um Comentário

Em nossa coluna de abril 2016, alertávamos para o fato de que “quando se fala de política, fala-se forçosamente de gente. E mais: de gente “em relação com”. Retomamos a afirmação para estendê-la a nossa reflexão sobre a posição da Comunicação no mundo corporativo.

Ainda tendo por base as discussões de Oliveiros S. Ferreira, onde fica clara a diferença entre os conceitos de hegemonia e consenso apontando para o fato que, em relações fundadas na desigualdade entre públicos, também na Comunicação as batalhas não se dão para a busca de um consenso, mas em função de estratégia, sustentada pela vontade de um grupo, de obter a hegemonia.

A comunicação clama, há tempos, por um lugar de importância, raras vezes concedido, na estratégia das organizações. Para isso, em nossa opinião, terá que deixar o papel de “bom mocinho” que vem incorporando. O comunicador corporativo definitivamente não é o defensor dos oprimidos funcionários. Tal como os antigos cardeais do Iluminismo, seu papel é o de interpretar desejos e demandas dos diferentes públicos estratégicos – stakeholders – a partir do ponto de vista de cada um deles recorrendo à alteridade,

Como especificado no artigo anterior, na política moderna, o conceito de hegemonia foi reformulado por Antonio Gramsci, que o caracterizou como dominação ideológica de uma classe social sobre outra. No mundo moderno, a comunicação eficiente e eficaz produz um efeito similar, ainda que mais democrático. No entanto, almeja o mesmo efeito: o consenso, sempre precário e transitório, sobrevindo, aos dissensos das várias vozes sociais. Nesse caso, nada de “harmonia” ou “paz duradoura” no consenso, mas a busca permanente de um clima de paz (e não de trégua) que permite a continuidade da produção entre funcionários e garanta a sustentação da reputação entre stakeholders.

A partir dessa perspectiva os comunicadores corporativos podem assumir verdadeiro papel de destaque enquanto intérpretes das demandas e formulador de estratégias para a difusão de elementos concretos que sustentarão as apreciações stakeholders sobre as empresas.

É assim que, em nossa opinião, a comunicação corporativa, para ocupar o lugar que pretende e para o qual vem se preparando tecnicamente, deve assumir seu papel político – no sentido mais amplo da palavra, enquanto agente de transformação reputacional.
Publicado originalmente como coluna Aberje, em 9/5/2016

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